Pierre
Lévy nasceu na Tunísia em 1956. É mestre em
História da Ciência, PhD em Comunicação e Sociologia e Ciências da
Informação. Lecionou em universidades de Paris e Montréal, é professor titular
da cadeira de Pesquisa em Inteligência Coletiva na Universidade de Ottawa, no
Canadá e membro da Sociedade Real do Canadá-Academia de Ciências e Humanidades.
Lévy
é um dos mais importantes defensores do uso do computador, em especial da
internet, para a ampliação e democratização do conhecimento humano.
“Quanto mais o Ciberespaço se estende, mais universal se
torna, menos totalizável o mundo informacional se torna”.
Cybercultura –
universal sem totalidade
Ciberespaço
– sistema do caos
“Eu
não sou eu nem sou o outro. Sou qualquer coisa de intermédio: pilar da ponte de
tédio, que vai de mim para o outro”. (Sérgio Aires-Portugal).
A escrita e o universal totalizante
Transformação
na ecologia das mídias: a passagem das culturas orais para as culturas da
escrita.
“A importância da escrita permite o
armazenamento e a propagação de informações não só entre indivíduos mas também
por gerações por diferentes contextos”.
Euclides baseou a construção da sua Geometria em 10
axiomas. A distinção entre eles não é todo clara. As noções comuns parecem ter
sido consideradas como hipóteses aceitáveis a todas as ciências ou a todas as
pessoas inteligentes, enquanto que os postulados eram considerados como hipóteses características
da geometria.
Universal Totalizante
Noções Comuns:
“Coisas
que são iguais a uma mesma coisa são também iguais entre si”
“O
todo é maior que todas as suas partes”
Postulados:
“Pode-se
traçar uma reta por quaisquer dois pontos”
“Pode-se
descrever uma circunferência com qualquer centro e qualquer raio”
“Os
Elementos são um dos melhores exemplos do tipo de mensagem autossuficiente, autoexplicativa, englobando suas
próprias razões, que não teria pertinência alguma numa sociedade oral”.
Meios de Comunicação em massa e totalidade
- Mensagem mediática baseada no denominador comum
- Sistema totalizante: fascismo, nazismo e estalinismo
- Marshall McLuhan: sociedade mediática
Contexto mediático: espectadores
Contexto oral: atores
"A
verdadeira ruptura com a pragmática da comunicação estabelecida pela escrita
não pode vir à luz com o rádio ou a televisão, pois estes instrumentos de
difusão em massa não permitem nenhuma verdadeira reciprocidade, tampouco
interações transversais entre os participantes. Em vez de emergir das
interações vivas de uma ou mais comunidades, o contexto global instaurado pela
mídia fica fora do alcance dos que consomem apenas sua recepção passiva, isolada".
Complexidade dos modos de totalização
“"A
totalização opera-se sobre a identidade do significado”.
Micrototalidades
contextuais :
- Religião: sentido
- Filosofia: razão
- Ciência: exatidão reprodutível
- Mídia: comunicação
Cyberespaço:
dissolve a pragmática da comunicação
“Qualquer
que seja a mensagem abordada, ela está conectada com outras mensagens, com
comentários, com gloses em constante evolução, com pessoas que se interessam
por elas, com fóruns onde são debatidas aqui e agora”.
“Esse
universal não totaliza mais o sentido, mas sim liga pelo contato, pela
interação geral”.
“Hoje,
porém, tecnicamente e devido a iminente colocação em rede de todas as máquinas
do planeta, quase não existem mais mensagens “fora de contexto”, separadas de
uma comunidade ativa. Virtualmente, todas as mensagens mergulham num banho comunicacional borbulhante de vida, incluindo as próprias pessoas, e do
qual o ciberespaço vai prgressivamente sendo o coração”
O universal não é o planetário
“
"... A cybercultura dá forma a uma nova
espécie de universal: O Universal sem totalidade (...) O ciberespaço, com
efeito, não gera uma cultura do universal por estar de fato em toda a parte,
mas sim porque sua forma ou idéia implica direito à totalidade dos seres
humanos”.
Quanto mais universal, menos totalizável
A filosofia pós
moderna:
“Ao não haver mais
“um” sentido da história, mas sim uma multidão de pequenas proposições que
lutam pela sua legitimidade, como organizar a coerência dos eventos, em que
tudo é “a vanguarda”?
(...) A filosofia pós moderna tem confundido o Universal
e a totalização”.
“A cybercultura mostra que existe outra maneira de
instaurar a presença virtual para si da humanidade (o Universal) que não pela
identidade do sentido (a totalidade)”.
Dispositivos técnicos concretos da cybercultura:
- Liberdade – se objetiva em softwares de codificação e em acesso transfronteiriço para múltiplas comunidades virtuais;
- Igualdade – se realiza em possibilidade para cada um emitir para todos.
- Fraternidade – se converte em interconexão mundial.
“O
ciberespaço então está realizando uma verdadeira revolução - ou permitirá, em
breve- a cada um dispensar o editor, o produtor, o transmissor, os
intermediários em geral, para dar a conhecer seus textos, sua música, seu mundo
virtual ou qualquer outro produto de sua mente. Em contraste com a
impossibilidade de responder e o isolamento dos consumidores da televisão, o
ciberespaço oferece as condição de uma comunicação direta, interativa e
coletiva”.
Os "contras" da cybercultura
Nem
a informática nem a cybercultura
“resolvem com sua mera existência os principais problemas de vida em sociedade”.
“resolvem com sua mera existência os principais problemas de vida em sociedade”.
Embora venha solucionar problemas de
comunicação e produção de uma época anterior, traz simultaneamente problemas e
conflitos, os quais desestabilizam a economia e a sociedade.
A cybercultura ou a tradição simultânea
As
três etapas da história da humanidade:
- Sociedades Fechadas, de cultura oral - totalidade sem universal.

- Sociedades Civilizadas, imperiais, que usam a escrita - universal totalizante.

- Cybercultura, mundialização concreta das sociedades – universal sem totalidade
“
(...) um imenso ato de inteligência coletiva síncrona,
convergindo para o presente, raio silencioso, divergente, explodindo como uma
cabeleira de neurônios”.
Trabalho realizado pelas alunas Francine Souza e Adriana Antunes no Curso de Pós Graduação em Educação em Ciências. Ciência e Tecnologia. Professoras Sheyla Rodrigues e Márcia Araújo.Texto O Universal sem totalidade, Essência
da Cybercultura. Pierre Lévy.