quarta-feira, 25 de abril de 2012

ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA


Atualmente, com todas as possibilidades que, a maioria das crianças, jovens e adultos tem à sua disposição, ser um mediador do ensino não é transmitir conhecimentos (D’Ambrosio, 2002). O educador precisa transformar a escola, suas práticas pedagógicas e as atitudes dos alunos, dando oportunidades para que todos os sujeitos inseridos neste ambiente possam tornar-se cidadãos críticos, reflexivos e fazedores de sua própria história.
Tratando-se da Educação de Jovens e Adultos (EJA), o primeiro passo para um aprendizado efetivo, é a relevância de que esses sujeitos possuem uma história de vida. Dessa forma, o cotidiano do aluno deve ser explorado e os conceitos articulados juntamente com seu dia a dia, dando oportunidade aos mesmos de “atualizarem seus conhecimentos, mostrar suas habilidades, trocar experiências e ter acesso a novas regiões do trabalho e da cultura”. Soares (2002, pág.40).
Partindo para um enfoque na Educação Matemática podemos dizer que a mesma vem sendo mediada de forma técnica, com conceitos, aplicações de regras e fórmulas e pouco se vê sobre sua história e aplicação. As idéias matemáticas, segundo Boaventura (1999, pág.14), são idéias claras e simples a partir das quais se pode compreender o conhecimento mais profundo e rigoroso da natureza que presidem a observação e experimentação.
No entanto, para que se possa ter um entendimento em relação a essa ciência é preciso dar significado ao seu aprendizado. Segundo Chassot (2010, pág 100), “devemos fazer do ensino de ciências uma linguagem que facilite o entendimento do mundo pelos alunos e alunas”. Socializar a história da matemática pode dar sentido à essa compreensão, uma vez que os educandos da EJA precisam ser incentivados e ter condições para continuar seus estudos, precisam sentir que o que estão aprendendo está inserido em suas vidas e que pode ser compartilhado, explorado, questionado em seu meio social. Além disso, Chassot (2010, pág.103) nos alerta para a “necessidade de buscar um ensino cada vez mais marcado pela historicidade”. A história possibilita mostrar um novo olhar da educação matemática, pois responde às inquietações sobre descoberta, utilidade e investigação do conhecimento matemático no meio social, resgatando o verdadeiro sentido da alfabetização científica.
  Alfabetizar cientificamente significa mediar a linguagem em que está escrita a natureza. É dar subsídios aos educandos para que tenham o mínimo de conhecimento científico para entender a sociedade e o ambiente em que vivem. É importante que esses sujeitos saibam buscar as informações que necessitam e saibam como usá-las para compreender e solucionar seus problemas. Pinto (1982, pág. 48-49) nos diz que a finalidade da educação, “não se limita à comunicação do saber formal (...) esta comunicação é indispensável, porém o que se intenta por meio dela é a mudança da condição humana do indivíduo que adquire o saber”. Partindo disso, a alfabetização matemática deve compartilhar da história, levando em conta a trajetória da mesma na sociedade e, não esquecendo que, como ressalta D’Ambrosio (2002, pág. 32-33.), “para falar de história, não se pode deixar de ter uma visão de presente e de futuro. [...] O grande desafio é desenvolver um programa dinâmico, apresentando a ciência de hoje relacionada a problemas de hoje e ao interesse dos alunos”.
Dessa forma, é preciso que o educador matemático que atua em EJA, se preocupe em educar levando em conta o saber popular desses sujeitos, e usando a história como ferramenta para a criação de novas estratégias que visem o aprimoramento e entendimento dos alunos sobre a relação da ciência com a sua realidade. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 5ª. ed.rev.Ijuí: 2010. 368 p.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática – da teoria à prática. 9ª ed. São Paulo: Papirus, Coleção Perspectivas em Educação Matemática, 2002.
PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1982.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um Discurso sobre as Ciências. Porto: Edições Afrontamento, 1999. 11ª Edição.
SOARES, Leôncio José Gomes.Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

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